ARTIGO DO BOLETIM INFORMATIVO DO OBSERVATÓRIO SOCIAL DO BRASIL
Controle Social não é somente aquele
controle que a comunidade exerce sobre
grupos menores, o
acompanhamento do cotidiano, fenômeno mais frequente nas pequenas
comunidades, conforme nos explica
a Sociologia.
Estamos
construindo um Estado Democrático de Direito, onde tudo tem seus
limites, e,
nesse modelo de democracia,
esse limite é imposto pelo cidadão. Na reforma democrática do Estado
Brasileiro
de 1988, o termo Controle
Social assumiu uma conotação mais amigável, ligada ao controle do Estado
pelo
próprio Cidadão. O Controle
Social busca, pela participação da comunidade, acompanhar a atuação
da administração pública, para
que ela seja feita em favor da sociedade; é, portanto, um instrumento
de participação social e de
controle da corrupção, a partir do momento em que a sociedade organizada
vigia mais de perto, a atuação
de seus representantes no uso do recurso público.
Em
Itajaí e em diversos municípios de Santa Catarina, o controle social
vem
sendo assumido e exercido por
meio dos Observatórios Sociais, que congregam voluntários da sociedade
civil organizada
e monitoram a qualidade dos
gastos públicos, nos respectivos municípios. O modelo mais difundido de
instrumentos
de Controle Social tem sido os
conselhos municipais de políticas públicas, órgãos definidos
legalmente,
que funcionam como ferramentas
da comunidade na materialização do Controle Social.
A
palavra Conselho (do latim consilium) significa tanto ouvir alguém,
quanto submeter
algo à deliberação de alguém.
Os Conselhos, portanto, são vias de mão dupla: devem
ouvir e devem ser ouvidos,
atitudes essas que estão na base do princípio constitucional da
publicidade.
Em Itajaí temos diversos conselhos. Alguns funcionam bem, outros, nem tanto, e alguns
não funcionam mesmo, são manipulados pelo poder público, são vítimas da ignorância
popular, ou mesmo desconhecem suas atribuições e sua força.
Os
conselhos são como a Ágora da antiga Grécia, são lugares de
voz e de vez da população. Há
conselhos que acompanham, explicitamente, a gestão dos recursos
públicos federais repassados
ao Município, são chamados de Conselhos de Acompanhamento e Controle
Social
(CACS). Na área da Educação,
por exemplo, acompanham o Programa Nacional de Alimentação
Escolar (PNAE) e o Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização
dos Profissionais da Educação
(FUNDEB), sendo este último conselho responsável também pelo
acompanhamento da aplicação
dos recursos federais transferidos à conta do Programa Nacional de Apoio
ao Transporte do Escolar –
PNATE e do Programa de Apoio aos Sistemas de Ensino para Atendimento à
Educação
de Jovens e Adultos.
O
bom funcionamento desses conselhos ligados diretamente à Educação pode
garantir transparência e
eficiência na aplicação dos recursos públicos, em questões
importantes como alimentação e
transporte escolar, remuneração dos docentes e obras de infraestrutura
das escolas.
Não
é difícil de entender que o controle social é uma forma expressiva
de exercício da cidadania,
pois permite a ligação política entre o Município e a comunidade,
de modo efetivo e pleno,
ficando o cidadão mais valorizado moral e socialmente, além de se sentir
corresponsável
pelos resultados obtidos pelo
governo.
Ninguém,
em sã consciência, pode descartar, ou minimizar a importância
que tem o controle social como
ferramenta da sociedade para ajudar na efetividade da gestão dos gastos
públicos
e na obtenção de resultados
mais eficientes da administração, bem como para exigir a accountability,
nela incluída a
responsabilização do gestor público envolvido, pois somente com a
contribuição
da sociedade civil é que se
pode evitar o descaso e a impunidade, que alimentam a cadeia da
corrupção
que, por sua vez, mantém
pessoas inescrupulosas e despreparadas na condução da coisa pública.
Escrito por: Por Jonas Tadeu Nunes, Coordenador Executivo do Observatório Social de Itajaí - SC e Reencaminhado pelo: OBSERVATÓRIO SOCIAL DE ABAETETUBA.